domingo, 3 de julho de 2011

Estudo da Estimulação Nervosa Repetitiva

A junção neuromuscular é composta de um terminal pré-sináptico, pela fenda sináptica e pelo terminal pós-sináptico. Há doenças da transmissão neuromuscular da região pré-sináptica, pós-sináptica e de ambas combinadas, como pode ser visto abaixo:

Distúrbios pré-sinápticos

• Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton
• Botulismo
• Hipermagnesemia
• Paralisia do carrapato???
• Toxina da aranha viúva negra

Distúrbios pós-sinápticos

• Miastenia Gravis
• Intoxicação por organofosforados
• Paralisia induzida por curare

Distúrbios combinados pré e pós-sinápticos

• Miastenia induzida por procainamida e antibióticos
• Overlap myasthenic syndrome

O estudo da estimulação nervosa repetitiva é o teste eletrofisiológico mais indicado para a avaliação das doenças da transmissão neuromuscular. Também é conhecido como Teste de Jolly, pois esse pesquisador foi o primeiro a identificar a diminuição progressiva das respostas musculares aos estímulos elétricos em pacientes com miastenia gravis. Sua técnica foi aperfeiçoada e atualmente nós realizamos o estudo através de estímulos elétricos repetitivos nos nervos periféricos.

Após o primeiro estímulo ocorre uma queda do número de moléculas de acetilcolina (Ach) imediatamente disponíveis nas vesículas pré-sinápticas. Com isso, uma quantidade menor de moléculas de Ach é liberada nos estímulos subseqüentes. Para compensar essa deficiência há um aumento relativo da liberação de Ach devido ao acúmulo de íons cálcio no terminal pré-sináptico após cada estímulo. Dependendo da frequência da estimulação repetitiva, um dos dois mecanismos prepondera.

Com baixas freqüências de estimulação (2, 3 e 5Hz) ocorre depleção dos estoques de Ach ocasionando diminuição da amplitude do potencial de placa terminal. Isso pode levar ao bloqueio de contração de fibras musculares e conseqüente resposta decremental do PAMC (potencial de ação motor composto).

Com altas taxas de estimulação (20 ou 50 Hz) ocorre aumento dos estoques de Ca++. Isso facilita a liberação de Ach e aumenta a amplitude do potencial de placa terminal. Nos distúrbios pós-sinápticos leves e moderados, esse aumento da liberação de Ca++ compensa a depleção dos estoques de Ach e a resposta é normal. Nos distúrbios pós-sinápticos graves o aumento da liberação de Ca++ não é suficiente para compensar a grande depleção dos estoques de Ach e ocorre resposta decremental com estimulação de alta frequência. Por outro lado, nos distúrbios pré-sinápticos da transmissão neuromuscular o aumento da liberação de Ca++ com altas taxas de estimulação aumenta bastante a amplitude do potencial de placa terminal e provoca uma resposta incremental significativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário