sábado, 9 de julho de 2011

Análise dos Potenciais de Unidade Motora com Contração Mínima

Durante a contração voluntária mínima, apenas um potencial de unidade motora é ativado de cada vez. A freqüência de disparo com contração mínima é de 3 a 5 Hz e ocorre de forma ligeiramente irregular. Qualquer potencial que dispare em freqüências inferiores a 3-5 Hz representa atividade espontânea, não podendo ser voluntário.

Devido ao Princípio do Tamanho de Henneman para os potenciais de ação de unidade motora, os potenciais ativados com mínima contração muscular originam-se das fibras musculares tipo 1, de pequeno diâmetro, alto teor de enzimas oxidativas, baixo teor de glicogênio e alta resistência à fadiga. Esses potenciais de ação de unidade motora apresentam menor amplitude e duração que os potenciais gerados por contração voluntária moderada. Em pacientes ansiosos e que hiperventilam os PAUM’s podem disparar em grupos de dois ou mais potenciais seguidos com contração mínima.

Os PAUM´s de pequena amplitude e curta duração são classicamente vistos em miopatias. Freqüentemente são polifásicos e produzem um som característico semelhante ao de dois pedaços de velcro sendo afastados. A duração é mais importante que a amplitude como parâmetro de anormalidade. Usando agulhas monopolares, valores menores que 6 ms são anormais, porém durações menores que 4 ms são definitivamente anormais. Amplitudes menores que 0.5 mV são anormais. A diminuição da amplitude e duração dos PAUM’s ocorre devido à degeneração das fibras musculares ocasionando diminuição da atividade de algumas fibras musculares da unidade motora. Com isso, as porções iniciais e finais no PAUM não são registradas, pois as fibras distantes não podem ser captadas pelo eletrodo. Além das miopatias, os potenciais de pequena amplitude e curta duração podem ser observados em doenças da transmissão neuromuscular de intensidade moderada como na miastenia gravis, síndrome miastênica de Lambert Eaton e botulismo.

Potenciais polifásicos e de pequena amplitude, porém com duração normal ou aumentada ocorrem em casos agudos de desenervação e são conhecidos como potenciais de reinervação precoce (potenciais nascentes). A diferenciação entre os potenciais de reinervação precoce e os potenciais polifásicos de pequena amplitude e curta duração das miopatias é feito basicamente pelo som e pelo padrão de recrutamento. Os primeiros terão recrutamento neurogênico e os últimos terão recrutamento miopático.

Os potenciais de unidade motora de alta amplitude e longa duração são classicamente vistos em desenervação crônica, caracterizando o processo de reinervação. Com agulhas monopolares, PAUM’s com amplitudes maiores que 5 mV e durações maiores que 16 ms são considerados anormais. Os PAUM’s de alta amplitude e longa duração também são conhecidos como PAUM´s gigantes. Alguns potenciais gigantes também são polifásicos. Eventualmente, na desenervação crônica, seguindo os potenciais gigantes existe um potencial pequeno, temporalmente ligado a este, conhecido como potencial satélite ou potencial parasita. Ocorre devido à condução muito lenta dentro da unidade motora.

O aumento da amplitude e duração dos PAUM’s em processos de reinervação ocorre pelo aumento do tamanho da unidade motora causada pelo brotamento colateral de axônios. Qualquer etiologia de desenervação pode causar PAUM’s gigantes entre as quais polineuropatias axonais, mononeuropatias, plexopatias, radiculopatias e doenças do neurônio motor. Interessantemente, em alguns casos de miopatia crônica, potenciais de alta amplitude, porém de curta duração podem ser vistos.

Em casos de lesão grave do nervo, o processo de reinervação não ocorre por brotamento colateral de axônios, mas por re-crescimento axonal a partir do local da lesão. Durante esse processo o axônio irá inervar algumas, mas não todas as fibras musculares da unidade motora, gerando potenciais de unidade motora de duração normal ou aumentada, pequena amplitude e polifásicos conhecidos como potenciais nascentes.

Em algumas doenças pode haver uma combinação de potenciais de unidade motora de alta amplitude e longa duração com potenciais de unidade motora de baixa amplitude e curta duração. A causa mais freqüente desta combinação é a miosite por corpos de inclusão e outras miopatias inflamatórias, entretanto, também pode ser observada em esclerose lateral amiotrófica rapidamente progressiva, em atrofia muscular espinhal e em pacientes com neuropatia sensitiva e motora hereditária (Charcot Marie Tooth) tipo II.

Um comentário:

  1. fiz eletroneuromiografia e a conclusão foi: Eletroneuromiografia de membros superiores evidenciando sinais elétricos compatíveis com radiculopatia leve interessando os segmentos C4-C5 à direita.

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